quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A 10ª Repartição da AGPL ... existiu ! ( 5 )


O “Faruk”. Pequena homenagem!
 
O "Faruk" seria, talvez, um "rafeiro alentejano", semelhante ao da foto
(retirado de ???? ) 

Não quero terminar esta “viagem” ao passado da 10ª Repartição da AGPL, sem referir um episódio, relacionado com uma das unidades referidas atrás e que, embora triste, não a esqueço.

Foi o caso de que, nos anos 50, a draga “Engenheiro Matos” tinha, na sua tripulação, um tripulante “extra”. O “Faruk”!

Aproveito para dizer que em muitas oficinas era normal haverem animais de estimação. Faziam parte do “pessoal”. Na Oficina de Serralharia da 10ª Repartição da AGPL havia uma cadela, a “Preta”, já velhota e, pasme-se, até havia uma ratazana e seus rebentos que se alimentavam dos restos do almoço de alguns operários e passeavam nas asnas do telhado da oficina, até ao dia em que houve uma acção de desratização.

“Faruk”, rei do Egipto até ser deposto em 1952, era um nome muito falado naquele tempo e, talvez por isso, coube em sorte a um cão que se tornou mascote da draga.

Era um cão de grande porte (talvez um rafeiro alentejano!) e tornou-se não só a mascote da draga como de todo o pessoal da 10ª Repartição.

No Verão, depois das 5 da tarde, o pessoal operário se lhe apetecia refrescar-se ou aprender a dar umas braçadas, mergulhava ali mesmo, junto ao cais. Mas, se a draga estava por perto, era ver o “Faruk” atirar-se à água, ladrando até que todos saíssem da mesma, zelando pela sua segurança, qual nadador salvador!

E os dias iam passando sempre com aventuras do “Faruk”, até que um dia a vida foi-lhe madrasta e o destino quis que ninguém o pudesse socorrer, quando ele tantos tinha socorrido.

A draga, estando ali a trabalhar, encostou ao cais de Cacilhas e o “Faruk” entendeu, por bem, dar uma saltadinha a terra, para distrair um pouco. A distração foi tal que, talvez tenha encontrado alguém com quem “conversar”, o tempo foi passando e o regresso à draga tardou. E tardou tanto que, embora o pessoal em aflição, a draga teve que regressar a Lisboa. Faltava um “tripulante”, mas havia a esperança de que o “Faruk” arranjasse onde passar a noite e no dia seguinte lá estariam de novo. Mas não. Tardiamente, o “Faruk” apercebeu-se de que a draga tinha saído e ao vê-la no meio do rio, atirou-se à água na esperança de alcançá-la. Em vão, a corrente era forte e o rio que ele conhecia tão bem, chamou-lhe seu e ficou, para sempre, com ele!

E, se os animais têm alma, paz à sua alma e a minha recordação!

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