quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Eu ... as "Velhas Oportunidades" e a CUF !

Depois de uma passagem pelas oficinas de serralharia, da Sociedade Argibay de Reparações Navais (9 meses)  e da 10ª repartição da AGPL (16 meses), coube-me ingressar, como aprendiz de serralheiro mecânico, no Estaleiro Naval da CUF. Eram tempos de aprendizagem em que quem quisesse singrar teria de trabalhar durante o dia e estudar à noite. Eram o que se podiam chamar, as “Velhas Oportunidades”. Quando hoje ouço falar nas dificuldades que se põem a quem quer estudar, lembro os milhares que frequentavam os cursos nocturnos, comercial e industrial, e enchiam as escolas. Pessoalmente, não me posso queixar muito, e tal como eu algumas centenas de aprendizes do Estaleiro pois nos eram dadas condições que não se encontravam noutras empresas. No Estaleiro, os aprendizes, diariamente, tinham 2 horas para estudo que, nalguns casos, até podia ser acompanhado. Tinham horas para ginástica e, ou, para natação. Acrescido a tudo isso, tinham os livros de que necessitavam e que devolviam no fim de cada ano, além de prémio monetário por aproveitamento. A estas condições de trabalho, havia durante cerca de um ano, toda um fase de aprendizagem da profissão. O resultado disto era de que não só se preparavam profissionais que iam aumentar a qualidade da produção do Estaleiro, como a do mercado de trabalho, uma vez que muitos dos que passavam por esta aprendizagem, saiam para outras empresas, onde teriam entrada directa dado o seu “currículo”. 
A simples marca “CUF”, era sinónimo de qualidade garantida. 

Alguns, muitos, continuavam na empresa e chegariam a lugares de gestão intermédia e até superior.
Durante o período de aprendizagem, na oficina de Mecânica, havia que começar por aprender a limar e, dum pedaço de vergalhão em aço macio (vulgo, ferro), fazer um cubo nas dimensões pretendidas.

Cubo (1º trabalho) e trabalho de ajustamento (último trabalho) (ver Nota *)
Seguia-se, então, o fabrico de esquadros, compassos, escantilhões, serrote e graminho, que fariam parte da caixa de ferramenta do futuro profissional!

Cerca de 1 ano de aprendizagem!
Esquadros, compassos, escantilhões, punção de bico, riscadores,
chave de porcas de castelo, suta e peças soltas (no canto superior direito)(ver Nota **)



Serrote ( desmontado )

Serrote, completo com folha e ... pronto a funcionar!
Durante este período de aprendizagem, um monitor, periodicamente, ia fazendo a apreciação dos aprendizes quanto a comportamento e qualidade de trabalho e foi desta maneira que eu e mais 3 colegas fomos indicados para representar a empresa no Concurso Nacional de Trabalho, organizado pela Mocidade Portuguesa.
Mais uma vez a Mocidade Portuguesa no meu caminho!

Disso falarei mais tarde!

Nota * : Estas peças, posteriormente, para conservação, foram cromadas!
Nota **: O aspecto, talvez pouco recomendável, destas ferramentas, deve-se à camada oleosa de protecção (seca dado o passar dos anos). No entanto, garantia do produtor, depois de convenientemente limpas, apresentam um aspecto que diria, como na numismática, "flor de cunho"!

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