quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vamos Co/antar as Joaneiras


(Foto retirada da Internet)

Tinha prometido não participar na blogagem deste mês mas, a pedido de várias famílias, das quais não digo o nome, por ainda estar em segredo de justiça, e aproveitando o indulto dado pela Presidência da Aldeia, prorrogando o prazo, aqui estou eu, para o melhor e para o pior!

Como em muitos outros, também não sou especialmente versado no tema das Janeiras. Serão cantadas, principalmente nas Beiras e norte do país, do Natal até ao dia de Reis. Grupos de amigos, folgazões, vão de porta em porta tocando e cantando versos cujo maior interesse é o de obter das pessoas, a quem os dedicam, a benesse de algo para comer ou beber. Os versos serão de agradecimento e louvor a quem abrir os "cordões à bolsa" e de zombaria a quem for "unhas de fome". Nada de novo, pois sempre foi e há-de ser assim!
Também não vou pedir a chouriça a ninguém, era o que faltava, a rima também ia ser difícil e há que manter o nível de decência cá da Aldeia. Apenas vou pedir uma certa garrafinha que por ser do Sobral, não sobrou nada!
Assim, vou contar as Joaneiras (em vez das Janeiras). Pensei acompanhá-las com música do Vivaldi ("As quatro estações") mas, como o Inverno está rigoroso, ponham-lhe música do Quim Barreiros ou do Zé Cabra e divirtam-se, se conseguirem!

Boas festas, boas festas,
eu as venho aqui deixar.
Boas festas, boas festas,
a quem as queira apanhar!

Esta Aldeia é das finas
e nela nada se enleia,
boas festas às meninas
mais bonitas da Aldeia!

Boas festas, boas festas,
é o meu desejo, pessoal!
Tenham tido boas festas,
e um Santo e Feliz Natal!

Boas festas, boas festas,
boas festas meu bom povo.
Tenham tido boas festas,
e também um Bom Ano Novo!

Boas festas, boas festas
mas, triste sina a minha!
Poderei ter boas festas?
Onde estará a garrafinha?

Boas festas, boas festas,
com uva branca ou tinta.
Essa garrafa, boas festas!
Nunca mais sai da Quinta!

Boas festas, boas festas,
é o meu desejo nesta hora
pois mesmo sem boas festas,
o Barão, já se foi embora!

Boas festas, boas festas,
e ainda não estou zangado.
Boas festas, boas festas,
estou é algo “entornado”!

Boas festas, boas festas,
era o que eu mais queria.
Que tivessem, boas festas,
e um Ano cheio de alegria!

Ouça bem, ó minha vizinha,
agora é que já não imploro!
Se não vier a garrafinha,
juro, juro, que até choro!

Mas se a garrafa chegar
e aparecer, nalgum dia,
eu juro que vou chorar.
Chorar, mas de alegria!

Como informei no post anterior e conforme indicado na barra lateral, o blogue "Aldeia da minha vida", promove este mês uma Blogagem Colectiva sobre o tema das Janeiras.
Aos interessados, é só dirigirem-se a aldeiadaminhavida.blogspot.com, bastando clicar no selo. Depois podem comentar e votar nos vários textos. Não custa nada e podem ganhar prémios!!!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As Janeiras

Não sou especialmente versado no tema das Janeiras. Sei que serão cantadas, principalmente nas Beiras e norte do país, do Natal até ao dia de Reis. Grupos de amigos, folgazões, vão de porta em porta tocando e cantando versos cujo maior interesse é o de obter das pessoa a quem os dedicam a benesse de algo para comer ou beber. Os versos serão de agradecimento e louvor a quem abrir os "cordões à bolsa" e de zombaria a quem for "unhas de fome". Nada de novo, pois sempre foi e há-de ser assim!

Como meu contributo, aqui deixo uns versos retirados do livro, de Viale Moutinho, "Coisas do Arco da Velha":

Estas casas são mui altas,
forradinhas d'alegria,
viva lá quem nelas passeia
qu'é a senhora Maria!

Viva lá, senhor António,
onde põe o seu chapéu,
no meio da sua sala
parece um anjo do céu!

Viva lá, sor'Mariquinhas,
raminho de salsa pura,
debaixo da sua cama,
põe-se o Sol e nasce a Lua.

Viva lá o senhor Miguel,
fita preta em seu capote,
quando sai para a igreja,
parece a estrela do Norte.

As esmolas que nos deis
não penseis que as comemos;
elas são pra dizer missas
pelas almas que nós lá temos.

Levante-se daí senhora
do seu banquinho de prata,
venha-nos dar a janeira
que está um frio que mata.

A senhora que se demora,
alguma coisa nos quer dar:
ou o chouriço é grosso
ou a faca não quer cortar.

Faça-lhe gerrum-fum-fum
nas beiças do alguidar.

Mas, se os da casa não dão:

Serrão! serrão!
As casas lhe caiam ao chão!

Esta casa cheira a unto,
aqui mora algum defunto!

Esta casa cheira a breu,
aqui mora algum judeu!

Estes Reis aqui cantamos,
tornamo-los a descantar,
estes barbas de farelo
não têm nada pra nos dar.

Só têm uma arquinha velha
onde o gato vai mijar!


E, assim, se vai cumprindo uma tradição! Que seja por muitos anos!


Entretanto aproveito para informar, conforme indicado na barra lateral, que o blogue "Aldeia da minha vida", promove este mês uma Blogagem Colectiva sobre o tema das Janeiras.
Aos interessados, é só dirigirem-se a aldeiadaminhavida.blogspot.com, bastando clicar no selo.